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domingo, 22 de dezembro de 2013
Reportagem - A sustentabilidade das emoções
Sustentabilidade é um termo que está na agenda de milhares de pessoas que primam pela ordem do planeta e pela sua conservação. Mas a sustentabilidade das emoções ainda é pouco conhecida e praticada. O termo nada mais é do que a necessidade que todos nós temos de conhecer as nossas emoções, batizando-as corretamente e percebendo o alcance da repercussão que todas elas causam em nossa existência.
“É comum as pessoas não perceberem que sentem várias espécies de emoções e sentimentos. Às vezes, elas não têm mesmo uma percepção aguçada, outras vezes, fingem não ouvir as vozes que ecoam dentro delas, com a esperança de esquecer e seguir em frente sem incômodo maior. É o caso de alguém que sente raiva de outro alguém, mas finge que está tudo bem. Como se fosse possível engolir a raiva até que ela passe. Ou de uma pessoa que sente a falta de outra e tenta esquecer esse vazio, enterrando-se em milhares e milhares de tarefas cotidianas”, explica a psicoterapeuta Andreia Georges.
Tanto a raiva quanto a saudade farão estragos específicos e determinados nessas duas pessoas, importando apenas a susceptibilidade de cada uma a emoção com que tenta conviver, explica. “Pessoas raivosas sofrem com a raiva; saudosos sofrem com a saudade; ciumentos, sofrem quando sentem ciúme e medrosos, ardem em sofrimento diante do medo.”
Por quanto tempo?
Segundo ela, cada pessoa tem um limite para o sofrimento. “Será que você já parou para pensar em coisas do tipo: quanto tempo eu consigo disfarçar o que sinto? Quanto tempo eu aguento sentir culpa, sem me desabafar ou pedir perdão? Que males a tristeza vem causando em mim? Responder essas perguntas fará com que você conheça o seu limite e consiga dar um nome para essa emoção. Pode parecer incrível, mas é comum sentirmos algo sem compreendermos que emoção é essa. Todos esses quadros de desconhecimento e extrapolação de limites comprometem a sustentabilidade das nossas emoções.”
Cuidar dela, segundo a psicoterapeuta, é conhecer a nós mesmos, perceber nossos limites e descobrir nossos potenciais para que possamos viver em harmonia com um sistema psicológico saudável. “Exaurir as nossas forças, convivendo com sentimentos que nos arrasam emocionalmente, é uma atitude improdutiva, além de irresponsável de nossa parte, pois essa forma de ser e de agir permite que o mundo nos assole, indefensavelmente.”
Sou capaz de classificar meus sentimentos?
A solução é cuidar da sustentabilidade das nossas emoções. Andreia Georges, que é psicoterapeuta na área da Gestalt há 15 anos em Bauru, indica que, primeiramente, é necessário que o indivíduo pergunte a si mesmo se é capaz de classificar suas emoções e sentimentos. Caso contrário, o ideal é procurar o apoio de um psicólogo para elaborar e compreender qual é o repertório de sentimentos que ocupa o seu mundo interior.
Conhecidas as emoções, o segundo passo é refletir sobre o que sinto, separando tudo o que é real de tudo o que é fantasioso. “Ás vezes, imagino que alguém não “vai com a minha cara”. Esse pensamento, que é baseado apenas na minha suposição, não tem fundamento na realidade, sendo apenas uma “impressão” de minha parte. Mas o fato é que essa imagem que eu mesmo criei para mim, afeta a minha autoestima e então eu sofro com esse peso desnecessário.”
Para evitar isso, ela indica que a pessoa separe o fato real daquilo que está apoiado em situação imaginária. A partir daí a pessoa tem condições de separar o seu lixo tóxico. “Que é o material que existe dentro de mim e, além de não servir para meu uso, me intoxica. Assim como fazemos com os materiais que podem prejudicar o meio ambiente, devemos separar o lixo tóxico e endereçar para fora de nós mesmos, de forma assertiva e definitiva.”
Na sequência vem a atitude de reciclagem emocional. A psicoterapeuta explica que, muitas vezes acumulamos resíduos emocionais em nossa existência que não nos servem para nada.
“Podemos guardar uma série de sentimentos, com medo de nos desfazermos dos mesmos e acabarmos sentindo algum prejuízo posteriormente. Jogar fora é também adaptar-se ao novo e tememos as mudanças. A maioria de nós tem uma grande dificuldade de separar aquilo que é para ser jogado fora de nosso interior daquilo que deve ser armazenado como parte importante de nos mesmos.”
Fonte; http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=232161
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