sábado, 28 de janeiro de 2012

A tendência dos móveis de papelão

A tendência dos móveis de papelão
Alternativa sustentável de mobiliário ganha cada dia mais espaço no Brasil
Lívia Andrade
Você já pensou em utilizar um móvel de papel ondulado, o famoso papelão? Provavelmente, a maioria das pessoas responderia “não” e receberia a sugestão com um bocado de desconfiança. Mas o que gera estranheza aqui é bastante comum na Europa, Austrália, etc. Para você ter uma ideia, na Holanda, os móveis do escritório da agência Nothing Offices são todos de papelão, feitos sob medida pela empresa australiana Karton.

No Brasil, móveis de materiais recicláveis também estão em voga. Vira e mexe, você ouve falar de um designer que fez uma peça aqui, outra acolá. Um bom exemplo são os aclamados irmãos Campana, que têm em seu portfólio sofá e cadeira de papelão. Mas quando se fala em escala, a pioneira dessa tendência em terras tupiniquins é a 100´t inteligente, empresa criada há quatro anos pelo economista Marcello Cersosimo e por Daniela Pinto Bueno, que fez faculdade de moda. “Minha sócia morava em Roma e via muitos móveis de papelão. Voltou ao Brasil com a sugestão de fazermos algo neste sentido”, diz Cersosimo.


No início, a 100´t esbarrou na resistência das pessoas. “Eu ouvia muitos dizendo: ‘Isso não aguenta, não aguenta na questão de peso e também no aspecto durabilidade’”, conta Cersosimo. No entanto, as cadeiras e bancos da empresa são estáveis e suportam até 150 quilos. “O papelão é resistente e trabalhamos com uma gramatura específica”, argumenta o economista.
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A fórmula encontrada por Cersosimo para abrir caminho no mercado foi apresentar as peças para empresas promotoras de eventos. “Elas precisavam atrelar a imagem do cliente à sustentabilidade e os móveis de papelão foram uma ótima saída”, afirma.

Por falar em sustentabilidade, a 100´t está alicerçada em três pilares. 1º: Toda a matéria-prima é proveniente de empresas de reflorestamento; no caso, empresas do grupo Orsa que têm o selo FSC, certificação que garante a origem da madeira. 2º: Os móveis são feitos de maneira que dispensam o uso de ferramentas para montá-los. 3º: As peças são estáveis. “Queremos um design que funciona, não adianta o móvel ser apenas bonito”, diz Cersosimo.

Hoje, a 100´t tem em seu portfólio cerca de 20 produtos com preços que variam de R$ 10, um revisteiro, a R$ 190, uma mesa.  Para este ano, a meta da empresa é lançar pelo menos mais 15 novas peças. Isso porque a demanda tem crescido cerca de 20% ao mês e o faturamento segue o mesmo percentual. Os móveis são invenções da dupla. “Geralmente a gente imagina uma peça, a Daniela começa a desenhar e contratamos alguém para fazer a parte de engenharia”, conta Cersosimo.

As peças são ecologicamente corretas, leves e fáceis de carregar. Por exemplo, uma mãe com criança de colo pode comprar um berço e montar aonde quiser. Os móveis de papelão também são uma alternativa para os quartos dos pequenos, que estão sempre aprontando e rabiscando o mobiliário, sem contar que a montagem do espaço pode virar uma diversão em família.

O único inconveniente é que se cair alguma coisa, uma bebida, água, o papelão mancha. “Para quem compra mesa, nós sugerimos que ele aplique um adesivo, plástico ou uma resina”, diz Cersosimo, salientando que a empresa está em busca de uma solução sustentável para esta questão.

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