Planta conhecida popularmente no Brasil como: amescla, amescla-de-cheiro, mirra, incenso, breu-verdadeiro,breu, breu-branco, elmi-do-brasil, louro-pico, árvore-do-incenso, erva- feiticeira, guapohy, almecegueira, pau-de-mosquito, almécega, almécega-cheirosa, almecegueira-brava, almecegueira-vermelha, almíscar, breu-janaricica, cicantaa-ihua, elemí, erva-feiticeira, ibiracica, icaraiba, icicariba , incenso-de-cayenna, jauaricica, lemieira, pau-de-breu, tacaá-macá, ubiraciqua, pau-de-breu, resinaicica, tacaamaca, breu-almécega, entre tantos outros nomes vulgares encontrados em nosso país. Mas os cientistas a nomearam de Protium heptaphyllum que é seu nome científico, sendo este único em qualquer lugar do mundo, daí a grande importância da classificação científica. A Amescla( Protium heptaphyllum) pertence a família Burseraceae, da qual também faz parte também a Imburana.
Árvore de porte médio, às vezes grande com até 20m de altura. Originária das Antilhas e de toda América do Sul (Ferrão, 2001). Ocorre em todo Brasil em floresta latifoliada semidecídua(Mata Atlântica e Amazônia),ou seja,florestas onde predominam árvores de folhas largas e onde árvores e ou arbustos perdem suas folhas em parte do ano, em floresta de terra firme,no cerrado (Maia et al., 2001) e no pantanal (Guarim Neto, 1987). Particularmente freqüente em áreas ciliares úmidas. Ocorre tanto em matas primárias como em formações secundárias (Lorenzi, 1992).
De acordo com Lorenzi (1992) a floração ocorre durante os meses de agosto e setembro e a maturação dos frutos entre novembro a dezembro. A planta produz anualmente uma grande quantidade de sementes viáveis, amplamente disseminadas por aves de várias espécies, que aproveitam o arilo que envolve as sementes (Guarim Neto, 1991). Para se obter as sementes, os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem a abertura espontânea. Em seguida devem ser deixados ao sol para completar a abertura e liberação das sementes. As sementes devem ser colocadas para germinar logo que colhidas, em canteiros ou diretamente em recipientes individuais contendo substrato organo-arenoso, e coberto com uma camada do substrato peneirado, de 0,5 cm de espessura. Deve-se irrigar diariamente.
Esta espécie exsuda grande quantidade de resina, de cor branco-avermelhada (Corrêa, 1984), conhecida por almécega-do-brasil, goma-limão, devido ao seu aroma (Susunaga, 1996) ou breu-branco (Bandeira et al., 2002). O breu(a resina) é coletado do tronco e do chão de maneira manual, durante o ano inteiro, mas principalmente no verão. São feitos pequenos cortes no tronco para provocar a produção do breu que solidifica-se em contato com o ar e se inflama facilmente,acumulando-se no tronco. Após a coleta deve ser colocado para secar à sombra e depois em sacos de fibra ou de juta (Revilla, 2001). A produção da resina nessa planta é estimulada pela larva de um inseto da família Curculionidae, que permanece na árvore até o estado adulto. A maior produção ocorre durante o período de chuvas (Susunaga, 1996). Raramente Protium heptaphyllum é encontrado isolada, freqüentemente está associada a outras espécies, tais como Pagames duckel Standley, Glycoxylon inophyllum e também com vegetais inferiores como liquens, musgos epteridófitas (Susunaga, 1996).
Essa planta é utilizada pela população para os mais variados fins, sendo valorizada economicamente em alguns setores. Apresenta qualidades ornamentais, é utilizada na fabricação de diversos produtos, a resina extraída tem alto valor na medicina, e seus frutos são bem apreciados como alimento por alguns índios da América Central e norte da América do Sul. As folhas da Amescla são fortemente aromáticas (Silva et al., 1977). A resina oleosa produzida quando queimada, exala um cheiro muito aromático, e é utilizada como incenso (Le Cointe, 1939), e também na fabricação de pó aromático e sachês (Revilla, 2001). Em algumas cidades de sua região de ocorrência é comum o uso da resina em substituição ao incenso, em atos religiosos da igreja católica (Lorenzi & Matos, 2002).
Os índios Tanimuka, na região amazônica, têm o costume de queimar a resina num tubo longo de Ischnosiphon e soprar a fumaça aromática na coca em pó, para deixá-la com o aroma da planta. Os índios dizem que a resina, usada como essência para a coca, deve ser retirada exclusivamente de árvores velhas. A incisão é feita na casca e deve-se deixar secar; a resina só é usada 4 ou 5 meses depois da coleta (Schultes, 1981). Os xamãs misturam o P. heptaphyllum ao tabaco para ficarem com a voz mais rouca e mais forte, para conversar com sobrenaturais (Wilbert, 1991). As sementes têm uso alimentício (Amorozo & Gély, 1988).Os índios Chacó, da Colômbia e Panamá, consomem a polpa do fruto e no Chaco prepara-se uma bebida refrescante com os frutos (Correa & Bernal, 1990).
Das incisões feitas à casca da árvore exsuda um líquido balsâmico, com cheiro de funcho, que, secando, se coalha numa massa de consistência mole de um branco ligeiramente amarelo. É empregado na calafetagem de embarcações, misturando-se ao calor do fogo, com azeite ou com sebo (Le Cointe, 1939). A resina é bastante utilizada para a fabricação de cosméticos (Bandeira et al., 2003), de produtos de higiene e de perfumaria (Revilla, 2001), como por exemplo em fragrâncias para perfumes, sabonetes, cremes, xampus e condicionadores, óleos aromáticos, aromas ambientais, etc. A resina é muito utilizada pela população como repelente de insetos (Bandeira etal., 2003). É usada para afugentar “carapanãs”, moscas e mosquitos (Revilla, 2002a).
A planta possui várias indicações terapêuticas populares: dor de cabeça, dor de dente, enfermidades venéreas, esquitossomose, sonífera, antidiarréico, contra úlcera gangrenosa, inflamações em geral, enteralgia, afecções dos olhos, hérnia, cefaléia (Revilla, 2002a).
A resina extraída do caule é empregada de muitas formas na farmácia (Arbelaez,1975). É utilizada como anti-tumoral, cicatrizante, em feridas, fraturas (Susunaga, 1996),para bronquite, tosse, coqueluche, inflamações, dor de cabeça, antisséptico local, como estimulante, (Maia et al., 2001) e para tratar doenças venéreas (Revilla, 2002b). Os povos Kubeos, da Amazônia, utilizam a resina para desobstruir as vias respiratórias quando estão muito resfriados (Schultes & Raffauf, 1990). Segundo Marques (1999), a Amescla era utilizada pelos índios em forma de emplastros como antisséptico e cicatrizante. A resina misturada com a casca e as folhas é desinfetante e cicatrizante (Susunaga, 1996). Estudos farmacológicos recentes com o óleo da resina comprovaram sua eficácia terapêutica, demonstrando atividades anti-inflamatória, anticonceptiva e antineoplásica (Siani et al., 1999b; Bandeira et al., 2002). A resina possui atividade cercaricida,ou seja,combate as cercárias (Maia et al., 2001) e analgésica(Susunaga, 1996).
A casca é hemostática(ajuda a deter hemorragia), cicatrizante, anti-inflamatória; útil no tratamento de úlceras gangrenosas (Lorenzi & Matos, 2002). Da casca do caule é preparado um xarope para o tratamento de tosses, bronquites e coqueluches (Guarim Neto, 1987). A casca é usada em banhos para acalmar a dor de cabeça (Correa & Bernal, 1990). A resina é bastante utilizada na fabricação de vernizes, tintas (Bandeira et al.,2003),na fabricação de velas (Revilla, 2001),e na iluminação das malocas dos índios Waiwai (Ribeiro, 1988). Além de todas as utilidades citadas acima a resina ainda é usada para defumação e iluminação de casas (Susunaga, 1996) e tem uso mágico: é usada para defumação quando está trovejando (Amorozo & Gély, 1988).
As folhas são muito reputadas contra as úlceras gangrenosas e as inflamações em geral (Corrêa, 1984); são também hemostáticas (Lorenzi & Matos, 2002), cicatrizantes (Susunaga, 1996). O óleo essencial das folhas e frutos inibe a formação do flagelo na forma infectante do parasita de Schistossoma mansoni (Susunaga, 1996). Os frutos produzem uma resina amarela, oleosa, conhecida como azeite-desassafrás,utilizada na medicina popular na cura da sífilis, espinhas, úlceras, inchações,dores de cabeça (Arbelaez, 1975).
A espécie pode ser utilizada para o repovoamento vegetal em áreas degradadas de preservação permanente, principalmente ao longo de rios e córregos (Lorenzi, 1992). Seu uso é recomendado também em praças, jardins, parques e até mesmo na arborização de calçadas.
Em relação à madeira é branco-avermelhada, com cerne mais escuro, compacta, uniforme, ondeada e acetinada (Corrêa, 1984). É moderadamente pesada (densidade 0,77 g/cm3),compacta, dura, revessa, porém dócil ao cepilho, bastante elástica, de grande durabilidade quando em lugares secos. É própria para a construção civil, obras internas, assoalhos, serviços de torno, carpintaria e marcenaria (Lorenzi, 1992). A madeira é usada por índios para fabricar canoas (Ribeiro, 1988).
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