segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Serviços Ambientais e os Sistemas Agroflorestais no Brasil

 

DURVAL LIBANIO*

21/09/2014 10h01 - Atualizado em 21/09/2014 11h31

 

Sistema agroflorestal cacau-cabruca, na Bahia (Foto: Divulgação)Sistema agroflorestal cacau-cabruca, na Bahia (Foto: Divulgação)

O manejo do solo e da vegetação é um dos aspectos mais importantes para a manutenção da vida no planeta.  Esses princípios resguardam a capacidade de produção de alimentos, fibras, energia e pela crescente necessidade de manutenção e recuperação dos chamados serviços ambientais ou ecossistémicos. Eles formam uma série de mecanismos de regulação de processos e ciclos naturais no mundo. 

No Brasil uma das melhores práticas para a conservação do solo e da água, retirada da atmosfera e manutenção de estoques de carbono na biosfera e litosfera, estão os Sistemas Agroflorestais, que são formas de cultivos que permitem a combinação de árvores com cultivos agrícolas e com a pecuária. Permite também, a conservação da biodiversidade, do solo e da água, da polinização, regulação das condições climáticas, resistência aos impactos do vento, regulação de populações de insetos, entre outros serviços.

Até hoje estes sistemas foram pouco estimulados no Brasil, apesar de ocorrerem associados à cultura local, como no Sul da Bahia, o sistema cacau-cabruca, ou no Paraná o sistema conhecido como faxinal. 

O fato é que a presença de arvores em sistemas de cultivos e pecuários, em quantidade e diversidade, pode aumentar a sustentabilidade destes sistemas do ponto de vista social, econômico, cultural, ambiental e ético e impactar positivamente as cidades pelo maior fornecimento de bens em equilíbrio com os serviços ambientais prestados e usados para fins humanos.

A cidade de São Paulo, por exemplo, que esta passando por problemas como a falta de água,  poderia ter os efeitos da seca minimizados se os sistemas agroflorestais fossem mais utilizados na região onde nascem os rios que formam o sistema cantareira. Uma das funções das árvores é a propriedade que tem de aumentar a infiltração de água no solo e manter por mais tempo o fluxo de água nos rios.  No caso do cantareira dois desses rios nascem no Sul de Minas Gerais, região dominada pela pecuária leiteira e o café, que não utilizam sistemas agroflorestais. Em contra partida no Sul da Bahia sub-bacias cujo uso do solo é formado por sistemas agroflorestais, tem uma capacidade maior de manter o fluxo de água.

Além destes exemplos vivemos num país de clima tropical e entre os aspectos mais importantes para a conservação de nossos solos está a proteção pelas árvores que evitam altas temperaturas e com isso conservam a matéria orgânica e o carbono no solo, maior responsável pelas funções já relatadas de conservação.

Por outro lado o Brasil faz um crescente esforço para criar normas ambientais para que possam conciliar o desenvolvimento econômico com o socioambiental. Criaram-se leis que proíbem a supressão da vegetação, caça a espécies ameaçadas de extinção, etc. Acho que está na hora de criamos alguma lei que fomente e garanta o plantio de árvores em maior ou menor quantidade em todos os tipos de sistemas agrícolas ou pecuários, afinal somos um país cujo nome deriva de uma árvore, sobre isto falaremos num segundo momento.

*Durval Libanio é presidente da Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais e do Instituto Cabruca

Nenhum comentário:

Postar um comentário