sábado, 20 de julho de 2013

Reportagem - Espiritualidade e sustentabilidade



VALERIANE BERNARD



Por que deveríamos economizar água para proteger o meio ambiente, se os governantes não estão fazendo a parte deles? Por que aderir ao dia mundial sem carro, se o governo não está investindo em transporte público? Pensar assim é desconsiderar o poder do cidadão e entregar todo o poder às agências externas. É isso que queremos?
Por outro lado, olhando para o meio ambiente a partir de uma abordagem espiritual, a fonte de mudança está na força interior. Uma pessoa espiritualmente consciente aceitará sua responsabilidade nessa cadeia de eventos e tomará uma atitude. Os bordões "​​você pode ser a mudança que você quer ver" de Mahatma Gandhi e "quando eu mudo, o mundo muda" de Dadi Janki, líder mundial da Organização Brahma Kumaris, restauram a esperança e reconhecem o valor inegável da perspectiva espiritual.
A fim de desenvolver uma ligação verdadeiramente pacífica com a natureza, devemos primeiro aprender a desenvolver um relacionamento respeitoso e não violento com nós mesmos. Essa transformação exige um importante trabalho interno. Quando esse trabalho vem combinado com maior percepção e compreensão das mudanças sutis que queremos trazer em nós, começamos a apreciar nossa verdadeira personalidade espiritual e viver de acordo com esse conhecimento. A semente dessa mudança está nos pensamentos.
Quando criamos pensamentos, podemos nos beneficiar com eles ou podemos ser vítima deles.
Quando criticamos de modo destrutivo, quando falamos de forma agressiva, quando perdemos o ânimo e o entusiasmo, fica difícil sustentar a paz e a felicidade no ambiente interior. Desta forma, pode-se dizer que esses pensamentos são violentos porque eles atacam o bem-estar e a felicidade.
Essa descrição da violência pode parecer inofensiva, uma vez que esses estados de espírito são tão comuns. Mas com certeza eles inibirão nossa capacidade de sermos positivos, alegres e tranquilos. Na verdade, esses pensamentos vão cultivar uma atitude negativa em relação aos acontecimentos do dia-a-dia e até mesmo em relação a nós e às pessoas que nos cercam. A mente verá as situações através desse véu nebuloso de violência e nos perguntaremos -"Por que nossa energia se esgota?" ou "Por que as pessoas se sentem tão apáticas?"
Nesse momento, precisamos deter as tendências negativas e perceber a necessidade de pensamentos de alta qualidade. Cada pensamento conta. A energia do pensamento tem um impacto no nosso bem-estar psicológico e na nossa saúde corporal. Isso significa que a nossa forma de sentir e experimentar os nossos sentimentos está influenciando a nossa pele, ossos, órgãos, sangue, etc. Nossos corpos suportam o peso dos nossos pensamentos pessoais e coletivos.
Muitas pessoas da sociedade civil procuram resolver as questões ambientais, mas elas estão descontentes com a falta de resultados e soluções reais que surgem dessas cúpulas internacionais. As pessoas questionam a capacidade desses debates e alianças globais em promover mudanças duradouras.
Por outro lado, alguns oradores defendem tais iniciativas de diálogo e afirmam que, se essas conferências não tivessem acontecido, o meio ambiente estaria em pior condição, uma vez que estas cúpulas, pelo menos, pressionaram a administração de cada país participante a agir por um ambiente mais limpo e saudável. Além disso, os defensores dizem que as conferências abrem espaços para a interconexão, desenvolvimento e ação. Essa interação constitui um elemento social positivo da globalização.
Juntamente com esses pontos de vista, vem o entendimento de que todas as administrações ou governos e instituições, remete a coletivos de indivíduos. As pessoas fazem o sistema. Muitas comunidades realmente promovem mudança dentro de um código de conduta ética e colaboram com especialistas econômicos e ambientais que estão trabalhando arduamente para estabelecer soluções criativas e equilibradas.
Martin Luther King acertadamente disse: "Uma verdadeira revolução de valores lançará mão sobre a ordem do mundo e dizer de guerra. Esta forma de resolver diferenças não é justa."
E esse passo tem que ir fundo...
Valeriane Bernard é representante da Brahma Kumaris na ONU em Genebra desde 2005. Participou da Cúpula da Terra em 1992, da COP 15 em Copenhague, da COP 16 em Cancún e da COP 17 em Durban. Representou a Brahma Kumaris na 64ª Conferência de Organizações Não-Governamentais do Departamento de Informação Pública da ONU em Bonn.













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